sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

HOMENAGEM FUNDAÇÃO MAESTRO JOSÉ PEDRO





A Fundação de Cultura Juvenil Maestro José Pedro, tem a sua origem no Centro de Cultura Juvenil da Câmara Municipal de Viana do Castelo, fundado em 27 de Novembro de 1975 pelo professor e Maestro “ José Pedro Martins Coelho”.

A Fundação Maestro José Pedro tem desenvolvido um trabalho valioso ao longo dos últimos 30 anos, onde se destaca a criação de uma “escola” de iniciação e formação musical de carácter popular, espaço de convivência e cidadania onde os jovens, os professores, a direcção e as suas famílias têm desenvolvido projectos de animação sócio-cultural que, pelo seu carisma e identificação com a cidade, permitiram criar e consolidar uma orquestra ligeira, uma banda de gaiteiros, um agrupamento Dixieland, um grupo de teatro de revista, as marchas populares e o grupo de Carnaval e cujas prestações públicas têm merecido o carinho e o reconhecimento dos vianenses e com eles a homenagem ao saudoso Maestro José Pedro que a fundou e lhe deu vida.

A Hinoportuna – Tuna Académica de Viana do Castelo, reconhecendo o papel cultural e de formação humana que esta “escola” de música tem desempenhado na formação de crianças e jovens de Viana do Castelo e de um modo especial junto das classes mais desfavorecidas, decidiu prestar homenagem à Fundação Maestro José Pedro considerando que este projecto de educação musical, artística e formação humana, que abrange actualmente cerca de 310 alunos, tem prestado um valioso contributo para a consolidação da matriz cultural vianense.

A Homenagem terá lugar durante o VII LETHES – Festival de Tunas Cidade Viana do Castelo, no dia 14 de Abril, no Teatro Sá de Miranda.

O FUNDADOR

José Pedro Martins Coelho

Músico – Professor – Maestro – Ensaiador


José Pedro Martins Coelho nasceu na Rua da Bandeira em Viana do Castelo, a 18 de Junho de 1920. Aos oito anos já tocava flautim na Banda de Música do Orfanato e Oficinas de S. José de Viana do Castelo, onde aprendeu música.

Com 17 anos foi indicado para dirigir pela primeira vez aquela Banda, num concurso havido em Lisboa em Maio de 1938 em que tomaram parte todas as Bandas dos Colégios do País, tendo ficado em primeiro lugar, facto que o marcou profundamente e o lançou na carreira musical.

Em 1949, com apenas 29 anos de idade, José Pedro assumiu a direcção artística da Banda de Música do Orfanato e Oficinas de S. José, durante seis anos, levando a que esta Filarmónica sob a sua orientação, atingisse elevado nível artístico, tendo sido considerada pela critica da época, a melhor Banda de Música do Alto Minho e uma das melhores Bandas de Música do Norte do país.

Durante cerca de cinco anos, entre 1950 e 1955, foi professor de Canto Coral na Escola Industrial e Comercial de Viana do Castelo, onde além das aulas ministradas, organizou com a colaboração de outros professores a alunos, diversos espectáculos e um Orfeão misto composto por mais de cem vozes.

A sua carreira em Portugal foi interrompida no ano de 1955 com a ida para Angola.

Em 1960, a convite do Governo de Angola, organizou as Festas Henriquinas onde se fizeram representar Colégios, Escolas, Liceus, Clubes e o próprio Exército.

Em 1974 regressa definitivamente a Viana do Castelo, tendo encontrado o meio musical completamente adormecido.

Nesse mesmo ano conseguiu reunir os melhores músicos das Bandas do Distrito e deu um concerto nas Festas da Cidade. Desde então procurou formar uma Banda de Música do Castelo, dando concertos com músicos, de várias Bandas, organizando escolas de música, obtendo subsídios, instrumentos e instalações.
O ano de 1975, marca decisivamente a vida artística do Maestro José Pedro, pois por incumbência da então Comissão Administrativa da Câmara Municipal, funda a Escola de Música de Viana do Castelo, com o fim de formar músicos para Banda de Música da cidade.
Com todo o seu entusiasmo, saber e espírito de sacrifico e modéstia mete mãos à obra e apesar das más condições que lhe proporcionavam apenas uma sala num velho edifício propriedade da Câmara Municipal, situado na Rua do Tourinho, onde quase tudo faltava, consegue que as aulas principiem e nasça, assim a Escola de Música.
No ano seguinte, portanto em 1976, apresenta pela primeira vez ao público a Orquestra de Flautas Bisel da nova Escola de Música. E, em 1977, surgiu com uma Orquestra Ligeira, formada por alunos dos oito aos quinze anos.
Em 1979, para que os alunos pudessem demonstrar a aprendizagem recebida a nível musical e, também, para lhes dar um pouco de cultura teatral, levou a cena na cidade, a revista «Pobre Zé» com música de sua autoria e letra do poeta e autor teatral Orquídio Silva, tendo alcançado grande sucesso nas diversas vezes que subiu à cena.
Em 1981, e já a Escola de Música se dominava oficialmente Centro de Cultura Juvenil, o Maestro José Pedro, com o apoio da Direcção e do Presidente da Câmara Municipal, Lucínio de Araújo, consegue finalmente realizar o seu sonho, que era formar a Banda de Música de Viana do Castelo, constituída por alunos do Centro de Cultura Juvenil e alguns componentes da Banda de Música de Lanhelas, de que foi regente entre os anos de 1974 a 1989.
A linha de pensamento e orientação que levou a criar a Escola de Música de Viana do Castelo, também induziu o Maestro José Pedro a promover a fundação de outras Escolas congéneres no Distrito, nomeadamente as de Areosa, Anha, Meixedo e Caminha.
No ano de 1987, quando José Pedro já tinha levada a cena diversos espectáculos em várias colectividades, assiste-se a novo sucesso, desta vez com a revista «Acorda Viana» com texto de Orquídio Silva e totalmente musicada e ensaiada pelo Maestro, revista esta que foi à cena nove vezes no Teatro de Sá de Miranda, sempre com lotações esgotadas.
No ano seguinte, registou-se a espectacular presença da Orquestra Ligeira do Centro de Cultura Juvenil, no II Festival Internacional de Música para Jovens, realizado na cidade de Vila Nova de Gaia, onde estiveram representados, para além de Portugal, 12 outros países, num total de 1500 jovens, tendo os professores e mestres de todas as outras representações, por unanimidade, considerado a Orquestra do Centro de Cultura Juvenil, a melhor orquestra ligeira presente naquele certame internacional.
Em 2 de Fevereiro de 1991, o infortúnio bateu-lhe à porta. A doença surgiu-lhe implacável e inibiu-o definitivamente de continuar a sua maior obra educativa – a Escola de Música – Centro de Cultura Juvenil.
Mas obra criada com tanto amor e carinho pelo Maestro José Pedro esteva madura para, mesmo sem ele, frutificar em novas iniciativas. E a demonstrá-lo eis que a Direcção e os alunos, imanados do mesmo ideal, levaram a cena em Setembro de 1992 a revista «Isto é Viana» que mais não foi tornar realidade um projecto que o Maestro José Pedro já vinha a arquitectar.
Nos últimos anos, também tinha sido o responsável artístico do Festival da Bandas de Música do Alto Minho, dirigindo nesses festivais cerca de 12 Bandas num total de 500 músicos.
Compôs várias músicas para Orquestras, Folclore e Bandas. As suas marchas e raposódias de motivos populares são tocadas pelas Filarmónicas do país.
Em 1 de Dezembro de 1994, promovida pela Câmara Municipal de Viana do Castelo presidida pelo Dr. Defensor Moura e por um grupo de amigos e admiradores do Maestro, foi-lhe prestada merecida homenagem numa sessão solene realizada no Teatro de Sá de Miranda.
O Governador Civil, Roleira Marinho anunciou perante o auditório que o Governo que legitimamente representava fizera publicar no Diário da República um honroso Louvor dedicado ao Maestro José Pedro, em reconhecimento pelos relevantes serviços prestados à cultura e à comunidade.
O presidente da Câmara Municipal, Dr. Defensor Moura, interpretando o veemente sentir dos vianenses, num dignificante gesto de profunda gratidão, em cerimónia simples mas muito comovente, agraciou com mui honra “ Medalha de Ouro da Cidade.
E pouco mais de 5 anos depois desta grandiosa mas também enternecida sessão solene, o ilustre vianense Maestro José Pedro, na madrugada chuvosa de 10 de Outubro de 2000’, desaparecia para sempre do nosso convívio.
O Maestro José Pedro será sempre recordado como referência central e incontornável da história da Fundação de Cultura Juvenil Maestro José Pedro.

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